HERDEIROS DA LIBERDADE
Mensagem de Vovô Florentino de Agodo (01 de maio de 2012)
Jojua-Bô é uma princesa Fulo e conta:
Ato 1
"Vê que as ondas não alcançam a outra margem do grande rioO que há lá? Será as outras Terras dos Orixás?Se dos búzios que Tatá sempre olha, ele sabe,Mas indagado, resmunga e não ousa contar".
Nos meandros dos mais baixos sentimentos e
razões humanos, criaturas
desequilibradas afirmaram falsamente que os negros não possuíam alma.
Das suas instituições perigosamente poderosas,
teceram ramificações em suas teias de
comando, incentivando-as com grande paga em ouro e poder, conclamando asseclas
do mal para a mais horrorosa destruição de vidas humanas que sua história conta nestes séculos
passados das descobertas das Américas.
Ato 2
"Tatá sumiu. Que será dele?
Dizem que se deslumbrou com os presentes do
homem branco feiticeiro da matéria,Que se trocou por um espelho, pólvora e uma
trinca de ferro de ponta de espetar, E o
levaram para uma viagem para o além-mar".
Aprisionaram covardemente famílias e aldeias,
surrando-os, surrupiando-lhes das suas vidas que eram seu tudo, imoralmente,
deglutindo as avessas de suas sanhas cruéis e segregacionistas com
o fel, na salga do grande rio de ondas, os restos ,os infantes, os invalidados,
maltratados, moribundos, doentes e os revoltos feridos.
Continentes enormes de gente negreira foram
desaguadas vitalícias, acompanhando corpos dos já mortos por mãos
traficantes e trevosas nas naus
contratadas das nações poderosas e belicosas.
Sob o grito de horror, mascates apontavam seus
baga martes e na fúria das espadas, da
pólvora e da bala dos canhões, silenciavam os gritos de socorro.
Ato 3
"Também levaram as nações e as tribos de aldeias,Indo e vindo tantas vezes que não se há como
conta-las.
Esconder-me, como se me encontram?Meus guerreiros corajosos na luta desigual também falecem,E eu, agora, prisioneira , seviciada no corpo
e na alma, findo meus suspiros".
Nus, com amarras de grosso cordão de ferro
e argolas presas por cadeados, chagados,chorosos
humanos negros clamavam amparo e
misericórdia, sem saber o porque , lamuriosos, sedentos e famintos, sem
qualquer consideração e respeito, tentavam sobreviver e sabiam que poderiam
pois não conseguiram lhes tirarem a fé.
Olhavam uns aos outros, não querendo crer como
possível, tanta afronta e desprotegidos, limitavam à preservação da vida.
Enjoados mas se acostumando, nos dias sem contagem que na masmorra marítima os
detiveram, alçados no bombordo, mantendo-os num paredão, com os minutos que o
clarear do dial os fez conseguir enxergar da escuridão que os prostavam, as
matas, as montanhas e a praia.
Alguns sorriram ao pensar ser termofinal
o sofrimento pois acreditavam ter voltado para a África, nalguma margem
estranha daquele grande rio, mas , congelou-os do desborde, intenso jato de
água, com espumas de algo que ardia suas peles, lavando-os mas sem respostas às
suas questões.
Algumas respondidas por um tratador branco
caricaturado como os outros que lhes benzia com uma mão num livro preto e a
outra que pesava seu ouro, no dialeto de origem recitado por outro negro
esquisito e vestido como os daquela raça, de que eram escravos e assim deveriam
se comportar, sem vontade, sem liberdade, sem como querer questionar.
Eram trazidos onde havia mais negros, muitos
fortes e bem feitos, também algemados nos cordões de ferro, sendo mostrados a
outros brancos feiticeiros que em várias comitivas os retiravam após apuradas apalpações e verificações.
Ato 4
"Como missão, resolvi aceitar para entender,Aquelas gentes que conseguiram aprisionar tantos da minha raça.E a tudo o que comigo fizeram, suportei mas a força maior vinha do que via que faziam com meus irmãos de origem, mesmo o das outras tribos,Prisioneiros, genuflexos e combalidos".
Grupos feitos e separados, a comitiva seguia
enfileirando irmãos de alma, resignados,
sobreviventes ao martírio, impondo-os nos locais que lhes reservaram,
acomodações de animais, onde ralhavam palavras desconhecidas, mas com emanações
de tanta fúria que amedrontava e fazia doer a força dos chicotes, mas que a ira
do magote, desferia no dorso dos de pele escura.
Negras virgens na sevicia dos feitores ,
estrepadas, frente a todos numa algazarra que bizarra provocava mais
sofrimentos e , aos poucos, num acalento, de uma força maior que incitava a
aceitar como um remédio, para uma doença que não se tem, mas que um dia haverá
de se manifestar em alguém, como que se pudesse, um povo ser cobaia, de tantas
maldades, para salvar outro que de mais covarde, mostrava seu coração, poder de
raiva e trevas, contrários ao amor, invertendo boas ações.
Ato 5
"Raízes puras, desde antes de nascer, Babá já antevia minha missão,Pois que chorou mas assumiu e me fez princesa,Agora ,com os súditos e irmãos em maltrapilho, surrados e feridos.Escravos como o índio que de pele mais clara, apontavam os da raça traiçoeiraQue estes sim, tinham alma, porém, ainda falha e assim, também seriam escravos".
O instinto de preservação da vida alimentou
junto a fé e logo alcançando algum equilíbrio.
Aceitada as suas lides de escravos, sem
direito à predileção, surgiu a senzala, na mais alta intromissão, dos mandos da
casa grande, ajustados por magotes, ensinando seus dialetos, mais ainda, seus
costumes , o que deveria ser feito, as obrigações, os castigos, na angustia de
ter que se esquecer das suas tradições em escala terrível e, no seu lugar, aceder a outra,
estranha e indiferente ao Divino que eles diziam ter respeito.
Logo, a senzala como que se acalmou no
turbilhão terrível e se fez outra rotina,
mesmo essa com várias perseguições e sofrimentos, assumindo as
determinações dos homens brancos mas
ainda com o senão da magoa encravadas no peito das grandes famílias negras que
se formou.
Dito os ainda “sem alma e criaturas
enfermiças”, seus sofrimentos apuraram a inteligência e a fé a Deus que se mostraram firmes e mais fortes em suas
tradições, travestindo-as em adaptações, falseando o aceite, nas mesmas
tradições das criaturas brancas, mas mantendo-as assim, firmes, protegidas de
qualquer tentativa de as eliminarem.
Culto aos Orixás Sagrados e todo o
conhecimento ancestral trazido em suas almas e em suas memórias, eram realizados
e muitos negros e negras escravos tinham sua mediunidade já desenvolvida
e bem assimilada pois era por onde recolhiam os donativos da Luz maior para
suportarem o sofrimento.
Podiam fingir e assim o fizeram, nos dogmas
feitos pelos brancos que professavam o ensinamento da Fé Deles, mas que
contavam também o ouro e as falsidades nas considerações.
Alguns já se convenciam da delicadeza e
inteligências dos escravos negros pois que nas várias lidas , criatividade,
força e beleza davam soluções para as mais diferentes atividades a eles
determinadas.
Construções eram erigidas perfeitas, fortes e
belas, as plantações e os campos fervilhavam com maiores e mais tenras
colheitas, os animais tornavam-se mais fortes e belos e deles provinham novos
frutos, novas terras eram melhor administradas, e o colher do ouro e das pedras
preciosas eram maiores pelos mineradores
negros .
Seus corpos, sarados, belos, fortes e viris
também encontravam seus desdobramentos na cultura do branco e, de alguma forma,
conseguiram impor trabalhos nos soberbos casarões e nas lidas diárias da
culinária, das arrumações e até nas decorações .
A musica dos folguedos daqueles negros que
diziam sem alma fervilhava emoções e pulsava alegrias e mesmo quando iam as
igrejas, professando a fé religiosa imposta também, se prevaricavam pois os
mandatários fiéis de lá sentiam algo muito bom quando um negro ia nas suas missas.
O aprendizado da leitura trouxe-lhes mais
conhecimentos que também fez evoluir nas expressões do seu árduo trabalho .
Negros brejeiros nas lidas da construção civil
aprimoraram traços de arquiteturas e de engenharia. Na medicina, incorporaram
conhecimentos reais aos compromissos da química e da física e muitos destes
conhecimentos eram subtraídos pelo seu senhor proprietário, não o reconhecendo.
Nas guerras estampavam um ardor e coragem
protegendo os objetivos de suas missões.
E a própria senzala, transformou-se em família
muito bem estruturadas com reciprocidades muito mais nobres que as outras do
branco escravagista.
Suas poesias e musicas eram lindas e seus
poemas enviavam como numa oração, os clamores aos Deuses africanos, Olorum e os
Sagrados Orixás, pacificando a muitos.
Ato 6
"Babá e Tatá vêm a mim como num sonho,Estão no espírito libertando os irmãos que
ainda não puderam entender a obra de OlorumCá eu, já nas idades, amparo a saudades dos
meus dez filhos, todos os homens,Espalhados por esse imenso país pois vendidos
como escravos,Muitos miscigenados devido às várias
perseguições dos homens brancos, mas nasceram todos pretos e fortes.
E que agora recebo o amparo dos filhos dos brancos já moços, que foi
alimentado pelo leite que jorrou dos meus seios na paga da ingratidão.
Chamam-me de Avó.Eles são diferentes. Alguns que cá me deixam
viver (*) e me visitam com presentes, vejo nos seus olhos, a mesma alma dos meus finados
guerreiros reencarnados também na missão".
As cidades brasileiras experimentaram um crescimento vertiginoso com a mão de obra
do negro escravo. Todas as realizações dos século passados, como a do Ouro,
Esmeraldas, da Cana de açúcar, das estradas, construções e toda a
infraestrutura necessária para as cidades, tem a dedicação do negro escravo.
Sua alegria, seus costumes, sua moral, seu
caráter, seu físico e sua inteligência ,
fé e amor tem moldado o perfil de um novo povo, herdeiros para a constituição
de uma nova humanidade onde a liberdade deve caminhar junto com o dever de
amor, de respeito, união e prosperidade .Uma nova humanidade já mais evoluída
nos sentidos da Fé, Amor, Geração, Justiça, Caráter, União e Sabedoria quando
seus cidadãos reconhecerão o esforço que tiveram seus antepassados para ativar
estar virtudes.
Ato 7
“Olorum, Pai de Amor e da VidaSagrados Pais Orixás, Manifestação de Deus Pai em Tudo e em TodosSenhores Guias e Protetores, Mantenedores da Luz e das Trevas para o Bem HumanoPermitam que a humanidade compreenda a lição do povo negro,E de outras semelhantes de outros povosE não mais recapitule crueldades e ações maléficas,Mas sim, pratiquem a Verdade da Vida,Na Esperança de que um dia a humanidade compreenda que não há como aprisionar a alma,E que a servidão não é um bem da Luz, mas o Amor, compreensão, e a paz, O ÉAssim lhe peço, junto com minhas bênçãos e a gratidão por ser um Guia, amparada pela Sagrada Orixá Oxun, ajudando meus irmãos ainda na vida a se elevarem .Peço-lhes a benção para todos nós".
Jojua Bô
nas vibrações de Angola, Congo, Guiné, , Cambinda, Criola,
Rebolo, Benguela
E de todos os descendentes do Setor Sétimo da
Atlântida fracionada.
*****UMA ADVERTENCIA
O que tu tem de precisão para que seja feliz?
O que atrapalha tua vida para que não a
viva com plenitude e em paz?
Porque duvidas do seu próprio caráter, da sua
própria fé e da sua capacidade em demonstrar e receber o que é do amor?
Porque tem tanta empolgação com o que é
negativo , com o que é trevoso e que sabe que só fará mal?
Porque
tu preferes viver em tormento se o tormento é o que vive de você ?
Aceite como um presente o amor de Olorum na
sua vida.
Lave-se desta podridão dos erros, de
preconceitos, de querer escrever em Deus
os seus caracteres individuais, grosseiros e egoístas.
Reflita e entenda-se.
Assim compreenderá Deus, que é Olorum e Toda
sua criação.
Poderá ser Feliz.Tem que Sê-lo
Esteja livre !
O que te equivoca, te atrapalha !
O que não compreendes com a razão, a emoção
lhe ensina.
Pois são os atos bons que tem na vida que
elevam a sua capacidade de geração das coisas.
Os atos maus o freiam e considere que fica
travada a sua felicidade, as suas realizações.
Destrave-se.
E agradeça a Olorum e aos Seus Orixás.
Este é o início.
Mire-se nos exemplos dos seus antepassados e
também os agradeça contemplando boas e novas ações.
Assim tu compreenderás e finalizarás o que o
escraviza.
Vovó Florentino de Agodo
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