quarta-feira, 2 de maio de 2012

HERDEIROS DA LIBERDADE


HERDEIROS DA  LIBERDADE

Mensagem de Vovô Florentino de Agodo (01 de maio de 2012)



Jojua-Bô é uma princesa Fulo e conta:



Ato 1

"Vê que as ondas não alcançam a outra margem do grande rioO que há lá? Será as outras Terras  dos Orixás?Se dos búzios que Tatá sempre olha, ele sabe,Mas indagado, resmunga e não ousa contar".

Nos meandros dos mais baixos sentimentos e razões humanos, criaturas  desequilibradas afirmaram falsamente que os negros não possuíam alma.
Das suas instituições perigosamente poderosas, teceram ramificações  em suas teias de comando, incentivando-as com grande paga em ouro e poder, conclamando asseclas do mal para a mais horrorosa destruição de vidas humanas  que sua história conta nestes séculos passados das descobertas das Américas.


Ato 2

"Tatá sumiu. Que será dele?
Dizem que se deslumbrou com os presentes do homem branco  feiticeiro da matéria,Que se trocou por um espelho, pólvora e uma trinca de ferro de ponta de espetar, E o levaram para uma viagem para o além-mar". 

Aprisionaram covardemente famílias e aldeias, surrando-os, surrupiando-lhes das suas vidas que eram seu tudo, imoralmente, deglutindo as avessas de suas sanhas cruéis e segregacionistas  com  o  fel,  na salga do grande rio de ondas,  os restos ,os infantes, os invalidados, maltratados, moribundos, doentes e os revoltos feridos.
Continentes enormes de gente negreira foram desaguadas vitalícias, acompanhando corpos dos já mortos por mãos traficantes  e trevosas nas naus contratadas das nações poderosas e belicosas.
Sob o grito de horror, mascates apontavam seus baga martes e na fúria  das espadas, da pólvora e da bala dos canhões, silenciavam os gritos de socorro.


Ato 3

"Também levaram as nações  e as tribos de aldeias,Indo e vindo tantas vezes que não se há como conta-las.
Esconder-me, como  se me encontram?Meus guerreiros  corajosos na luta desigual também falecem,E eu, agora, prisioneira , seviciada no corpo e na alma, findo meus suspiros".

Nus, com amarras de grosso cordão de ferro e  argolas  presas por cadeados, chagados,chorosos humanos negros clamavam  amparo e misericórdia, sem saber o porque , lamuriosos, sedentos e famintos, sem qualquer consideração e respeito, tentavam sobreviver e sabiam que poderiam pois não conseguiram lhes tirarem a fé.
Olhavam uns aos outros, não querendo crer como possível, tanta afronta e desprotegidos, limitavam à preservação da vida.
Enjoados mas se acostumando, nos dias  sem contagem que na masmorra marítima os detiveram, alçados no bombordo, mantendo-os num paredão, com os minutos que o clarear do dial os fez conseguir enxergar da escuridão que os prostavam, as matas, as montanhas e a praia.
Alguns sorriram ao pensar ser  termofinal  o sofrimento pois acreditavam ter voltado para a África, nalguma margem estranha daquele grande rio, mas , congelou-os do desborde, intenso jato de água, com espumas de algo que ardia suas peles, lavando-os mas sem respostas às suas questões. 
Algumas respondidas por um tratador branco caricaturado como os outros que lhes benzia com uma mão num livro preto e a outra que pesava seu ouro, no dialeto de origem recitado por outro negro esquisito e vestido como os daquela raça, de que eram escravos e assim deveriam se comportar, sem vontade, sem liberdade, sem como querer questionar.
Eram trazidos onde havia mais negros, muitos fortes e bem feitos, também algemados nos cordões de ferro, sendo mostrados a outros brancos feiticeiros que em várias comitivas os retiravam  após apuradas apalpações e verificações.


Ato 4

"Como missão, resolvi aceitar para entender,Aquelas gentes que conseguiram aprisionar tantos da minha raça.E a tudo o que comigo fizeram, suportei mas a força maior vinha do que via que faziam com meus irmãos de origem, mesmo o das outras tribos,Prisioneiros, genuflexos e combalidos".

Grupos feitos e separados, a comitiva seguia enfileirando  irmãos de alma, resignados, sobreviventes ao martírio, impondo-os nos locais que lhes reservaram, acomodações de animais, onde ralhavam palavras desconhecidas, mas com emanações de tanta fúria que amedrontava e fazia doer a força dos chicotes, mas que a ira do magote, desferia no dorso dos de pele escura.
Negras virgens na sevicia dos feitores , estrepadas, frente a todos numa algazarra que bizarra provocava mais sofrimentos e , aos poucos, num acalento, de uma força maior que incitava a aceitar como um remédio, para uma doença que não se tem, mas que um dia haverá de se manifestar em alguém, como que se pudesse, um povo ser cobaia, de tantas maldades, para salvar outro que de mais covarde, mostrava seu coração, poder de raiva e trevas, contrários ao amor, invertendo boas ações.


Ato 5

"Raízes puras, desde antes de nascer, Babá já antevia minha missão,Pois que chorou mas assumiu e me fez princesa,Agora ,com os súditos e irmãos em maltrapilho, surrados e feridos.Escravos como o índio que de pele mais clara, apontavam os da raça traiçoeiraQue estes sim, tinham alma, porém, ainda falha e assim, também  seriam escravos".

O instinto de preservação da vida alimentou junto a fé e logo alcançando algum equilíbrio.
Aceitada as suas lides de escravos, sem direito à predileção, surgiu a senzala, na mais alta intromissão, dos mandos da casa grande, ajustados por magotes, ensinando seus dialetos, mais ainda, seus costumes , o que deveria ser feito, as obrigações, os castigos, na angustia de ter que se esquecer das suas tradições em escala  terrível e, no seu lugar, aceder a outra, estranha e indiferente ao Divino que eles diziam ter respeito.
Logo, a senzala como que se acalmou no turbilhão terrível e se fez  outra rotina, mesmo essa com várias perseguições e sofrimentos, assumindo as determinações  dos homens brancos mas ainda com o senão da magoa encravadas no peito das grandes famílias negras que se formou.
Dito os ainda “sem alma e criaturas enfermiças”, seus sofrimentos apuraram a inteligência e a fé a Deus que  se mostraram firmes e mais fortes em suas tradições, travestindo-as em adaptações, falseando o aceite, nas mesmas tradições das criaturas brancas, mas mantendo-as assim, firmes, protegidas de qualquer tentativa de as eliminarem.
Culto aos Orixás Sagrados e todo o conhecimento ancestral trazido em suas almas e em suas memórias, eram  realizados  e muitos negros e negras escravos tinham sua mediunidade já desenvolvida e bem assimilada pois era por onde recolhiam os donativos da Luz maior para suportarem o  sofrimento.
Podiam fingir e assim o fizeram, nos dogmas feitos pelos brancos que professavam o ensinamento da Fé Deles, mas que contavam também o ouro e as falsidades nas considerações.
Alguns já se convenciam da delicadeza e inteligências dos escravos negros pois que nas várias lidas , criatividade, força e beleza davam soluções para as mais diferentes atividades a eles determinadas.
Construções eram erigidas perfeitas, fortes e belas, as plantações e os campos fervilhavam com maiores e mais tenras colheitas, os animais tornavam-se mais fortes e belos e deles provinham novos frutos, novas terras eram melhor administradas, e o colher do ouro e das pedras preciosas eram maiores pelos mineradores  negros .
Seus corpos, sarados, belos, fortes e viris também encontravam seus desdobramentos na cultura do branco e, de alguma forma, conseguiram impor trabalhos nos soberbos casarões e nas lidas diárias da culinária, das arrumações e até nas decorações .
A musica dos folguedos daqueles negros que diziam sem alma fervilhava emoções e pulsava alegrias e mesmo quando iam as igrejas, professando a fé religiosa imposta também, se prevaricavam pois os mandatários fiéis de lá sentiam algo muito bom quando um negro ia nas suas missas.
O aprendizado da leitura trouxe-lhes mais conhecimentos que também fez evoluir nas expressões do seu árduo trabalho .
Negros brejeiros nas lidas da construção civil aprimoraram traços de arquiteturas e de engenharia. Na medicina, incorporaram conhecimentos reais aos compromissos da química e da física e muitos destes conhecimentos eram subtraídos pelo seu senhor proprietário, não o reconhecendo.
Nas guerras estampavam um ardor e coragem protegendo os objetivos de suas missões.
E a própria senzala, transformou-se em família muito bem estruturadas com reciprocidades muito mais nobres que as outras do branco escravagista.
Suas poesias e musicas eram lindas e seus poemas enviavam como numa oração, os clamores aos Deuses africanos, Olorum e os Sagrados Orixás, pacificando a muitos.


Ato 6

"Babá e Tatá vêm a mim como num sonho,Estão no espírito libertando os irmãos que ainda não puderam entender a obra de OlorumCá eu, já nas idades, amparo a saudades dos meus dez filhos, todos os homens,Espalhados por esse imenso país pois vendidos como escravos,Muitos miscigenados devido às várias perseguições dos homens brancos, mas nasceram todos pretos e fortes.
E que agora recebo o amparo dos  filhos dos brancos já moços, que foi alimentado pelo leite que jorrou dos meus seios na paga da ingratidão. Chamam-me de Avó.Eles são diferentes. Alguns que cá me deixam viver (*) e me visitam com presentes, vejo nos seus  olhos, a mesma alma dos meus finados guerreiros reencarnados também na missão".

As cidades brasileiras experimentaram   um crescimento vertiginoso com a mão de obra do negro escravo. Todas as realizações dos século passados, como a do Ouro, Esmeraldas, da Cana de açúcar, das estradas, construções e toda a infraestrutura necessária para as cidades, tem a dedicação do negro escravo.
Sua alegria, seus costumes, sua moral, seu caráter, seu físico e sua inteligência  , fé e amor tem moldado o perfil de um novo povo, herdeiros para a constituição de uma nova humanidade onde a liberdade deve caminhar junto com o dever de amor, de respeito, união e prosperidade .Uma nova humanidade já mais evoluída nos sentidos da Fé, Amor, Geração, Justiça, Caráter, União e Sabedoria quando seus cidadãos reconhecerão o esforço que tiveram seus antepassados para ativar estar virtudes.


Ato 7

“Olorum, Pai de Amor e da VidaSagrados Pais Orixás, Manifestação de Deus Pai em Tudo e em TodosSenhores Guias e Protetores, Mantenedores da Luz e das Trevas para o Bem HumanoPermitam que a humanidade compreenda a lição do povo negro,E de  outras semelhantes de outros povosE não mais recapitule crueldades e ações maléficas,Mas sim, pratiquem a Verdade da Vida,Na Esperança de que um dia a humanidade compreenda que não há como aprisionar a alma,E que a servidão não é um bem  da Luz, mas o Amor, compreensão, e a paz, O ÉAssim lhe peço, junto com minhas bênçãos e a gratidão por ser um Guia, amparada pela Sagrada Orixá Oxun, ajudando meus irmãos ainda na vida a se elevarem .Peço-lhes a benção para todos nós".


Jojua Bô
nas vibrações de  Angola, Congo, Guiné, , Cambinda, Criola, Rebolo, Benguela
E de todos os descendentes do Setor Sétimo da Atlântida fracionada.


 *****UMA ADVERTENCIA

O que tu tem de precisão para que seja feliz?
O que atrapalha tua vida para que não a viva  com plenitude e em  paz?
Porque duvidas do seu próprio caráter, da sua própria fé e da sua capacidade em demonstrar e receber o que é do amor?
Porque tem tanta empolgação com o que é negativo , com o que é trevoso e que sabe que só fará mal?
 Porque  tu preferes viver em tormento se o tormento é o que vive de você ?
Aceite como um presente o amor de Olorum na sua vida.
Lave-se desta podridão dos erros, de preconceitos, de querer escrever em Deus   os seus caracteres individuais, grosseiros e egoístas.
Reflita e entenda-se.
Assim compreenderá Deus, que é Olorum e Toda sua criação.
Poderá ser Feliz.Tem que Sê-lo
Esteja livre !
O que te equivoca, te atrapalha !
O que não compreendes com a razão, a emoção lhe ensina.
Pois são os atos bons que tem na vida que elevam a sua capacidade de geração das coisas.
Os atos maus o freiam e considere que fica travada a sua felicidade, as suas realizações.
Destrave-se.
E agradeça a Olorum e aos Seus Orixás.
Este é o início.
Mire-se nos exemplos dos seus antepassados e também os agradeça contemplando boas e novas ações.
Assim tu compreenderás e finalizarás o que o escraviza.

Vovó Florentino de Agodo

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