terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Novo conto de Vovô Florentino de Agodô:


O BALAIO DO CABOCLO
De Vovô Florentino de Agodô - Douglas Elias

Cabapiranga já foi negro mandingueiro, branco médico e índio guerreiro, mas também foi pajé e assim prefere se plasmar nas belas e infinitas matas de Aruanda.
Empresta das coisas, os seus efeitos com o propósito de beneficiar a todos os irmãos e a natureza Universal, retribuindo o amor que lá sempre é doado e que vem de Olorum.
Coleciona o que a natureza divina produz num pouco de quase tudo que com a magia Divina delegada pelos Orixás, além do seu conhecimento, multiplica , potencializa e amplifica .
Seu balaio não tem fim , todavia, a cada coleta de novos elementos, fica menor e bem mais leve.
Ele relembra o inicio deste seu aprendizado quando estudou pequenas sementes e via que nelas havia vida que aos poucos,transformavam-se em raízes que ia crescendo sobre a terra fértil em tenros brotos , edificando soberbas espécies de árvores, flores e frutos, formando a comunidade que era o seu lugar e também era lugar para todos.
Assim, dos tantos aprendizados que teve, nas várias encarnações e também nos recessos do espírito, consigo estão muito bem guardados os conhecimentos dos reinos da terra, do ar, do fogo, do mar, das pedras e dos cristais que reverberavam nas matas e nos vegetais e o tempo traz quem deles necessitam e também os distribuí nas suas Divinas funções.
Caboclo de Oxosse que de Olorum traz Conhecimento, sabe também doar sendo muito requisitados pelos Guias, Outros Caboclos, tanto da Terra, como do Mar. E juntos com os do Ar e Todos os Outros, amparam , na doce comunhão das almas e dos guias de Luz, nos sentidos, da geração e do amor, das vidas e no equilíbrio e dos de transformar.
Age consoante as Leis Divinas, no formoso trabalho de sempre ajudar.
E pela Lei, foi avisado de outras coisas que o sentido humano desequilibrou e mudou no mundo da matéria, mas, extremamente elevado, não podia mais reencarnar, problema sabiamente previsto e resolvido com o crescente despertar do instinto espiritual humano para a mediunidade e assim, na Umbanda pode se manifestar.
Alegrou-se muito pois sabia que o tal menino – seu médium -, já havia combinado antes de renascer na vida e durante o recesso da juventude, Cabapiranga foi seu protetor do lado de cá.
E o menino,já adulto, fez por merecer pois os instintos lhe mostraram os erros que corrigidos, equilibrou-se e na religião dos Orixás, resolveu ingressar.
Iniciou assim, com seu médium, o conhecimento que precisava, inspirando-lhe na comunhão da Caridade, do Amor e da paz que recebendo seu aceite, Cabapiranga Feliz começou a trabalhar, aprender e a ensinar.
No aprendizado, surpreendeu-se ao ver a ignorância do ser humano para com a comunhão das coisas universais e certificou-se que esta era a maior causa dos sofrimentos.
Refletiu e resolveu ensinar mais ainda seu irmão médium para que , assimilando novos conhecimentos, pudesse orientar e ajudar no equilíbrio das pessoas, das coisas e da vida , acreditando que assim, mais adiante, poderia estudar as transformações que faziam na natureza, tão perigosas ao equilíbrio da humanidade.
Cabapiranga ensinou-lhe as energias das ervas que também curam e aquelas que tiram negatividades .
Inspirou-lhe na percepção dos pontos centrais das razões dos problemas que apresentavam quem os procuravam e assim, religava-os novamente com seus guias de Luz que mais lhes ensinavam e eliminavam as causas das dores e dos sofrimentos.
Projetou o amor, o perdão, a união, a proteção,a prosperidade, a fé e a paz.
Atreveu-se e foi orientar espíritos trevosos, libertando muitos que lá sofriam e perseguiam a quem a eles se sintonizavam, relembrando os seus velhos tempos e o conhecimento de grande guerreiro para aqueles ainda inviáveis para a Luz e que insistiam na pratica do mal.
Elucidou duvidas, doou conselhos e aprendizados e pela Fé, traduziu o Amor Maior de Olorum,amparado por Oxalá,ajudando a muitos.
Tudo através do seu médium que incorporava mais ensinamentos e até mesmo servia-se do conteúdo do seu balaio que Cabapiranga ensinava e doava com fervor.
Formando um bom contingente de adeptos que também se irmanara ao seu querido irmão-médium e que também desdobravam alegrias e felicidades, acreditou poder enfim,efetivar suas pesquisas.
Incitou seu medianeiro a estudar a tal ecologia e adaptou-o ao aprendizado nas ciências humanas tanto da química, das energias, das industrias de produção conseguindo-lhe emprego digno em respeitada instituição.
No social, potencializou suas comunicações e as idéias com soluções benéficas que fizeram o seu médium ser muito requisitado nos meios profanos.
Assim, teve acesso detalhado ao que os homens construíam no mundo e teve a certeza , após algum tempo, que aquelas ciências apesar de eficientes, não conseguiriam criar mais felicidades às pessoas pois não respeitavam o poder da natureza, nem mesmo a Vontade Divina e, nem ao menos, respeitavam-se entre si.
Concluiu que os homens manipulavam elementos e energias com objetivos de poder e não de doação e , assim, desequilibravam as Energias Divinas, limitando-as à matéria e causando todo o tipo de confusão.
Mentiam e fingiam objetivos nobres e até utilizavam do conhecimento Divino para se locupletarem do poder temporal.
Escravizavam-se entre si criando dependências materiais e psíquicas na ficção da vida material, envenenando os mais ingênuos com elementos deletérios, numa maquiagem covarde e trevosa.
Estarrecido,Cabapiranga não compreendia o porquê do ser humano criar tanta mortandade abortando o principio Divino da transformação e da sempre continuidade da vida.
Entristeceu-se e retirou-se por um breve momento para um sítio em Aruanda para se recuperar e refletir, deixando seu médium num breve recesso, mas em segurança pois já possuía as defesas necessárias.
Retornou fortalecido, dirigindo grande falange de vários caboclos nas irradiações de Todos os Orixás planificando ações para os seres humanos recuperar.
Porém, chegando na sua Seara, aborreceu-se ao ver seu médium cercado com espíritos trevosos onde havia um que plasmava para a freqüência humana a aparência dele, mentindo e persuadindo, ligado por fios tenebrosos ao seu querido irmão-médium que se entregava mais e mais àquele estranho conluio.
Parou para observar e notou seus guardiões presos por estranha magia negra, que abriu portais das trevas que negativavam profundamente aquele ambiente sagrado, transformando aquela gira num espetáculo circense, onde a caridade de Servir a Luz estava invertida pelo comércio da Fé e a venda de feitiços e magias negativas, atraindo cada vez mais humanos negativados.
Dessa maneira, elementos como o marafo era negativado em bebedeiras e mistificações e até o fumo no charuto curador, era embotado com ervas delirante e deletério, fazendo com que os medianeiros se transformassem em acessos eficientes para os terroristas das sombras .
Fundamentos sagrados eram desrespeitados e mecanismos positivos magisticos eram invertidos, com efeitos danosos e trevosos, escandalizando o Sagrado Congá firmado nas mais Altas irradiações dos Divinos Tronos dos Orixás.
Adeptos e trabalhadores apresentavam-se com roupas sensuais provocando sentidos marginas a Lei e até a Sagrada Curimba era utilizada com musicas obscena e com mensagens contrárias à Luz Divina.
Espíritos pagãos eram oferendados antes e depois para fazer as misérias nas vidas das pessoas e todos estavam se escravizando e até Guerreiros Exus ignoravam pois não podiam interagir devido aos sentidos e os quereres humanos estarem tão baixos .
Aguardavam a Lei .
E a Lei chegou junto a Cabapiranga quando seu Guardião na Linha de Ogum ordenou:
“Sua missão era pesquisar e não interagir mudando pois há espíritos humanos que conquistaram ser dirigidos pelos Guias da Luz e há aqueles ainda cegos e congelados à Verdade”
Cabapiranga entristeceu-se mas, esclarecido e recebendo nova missão, se equilibrou.
Então, o Caboclo da Luz irradiou-se com sua Comitiva Celeste e milhares foram banidos para seus lugares nas trevas, presos gloriosamente por Guerreiros Exus, Pombagiras e Exus Mirins, higienizando e fechando os portais das trevas e restabelecendo os da Luz
Logo aquela pequena Seara se recuperava e o mentor chefe encarnado – seu médium- tolhido de surpresa e podendo ver Cabapiranga , envergonhado e medrado, tentou justificar :
“Meu Pai Amado, me perdoe. Eu o traí, mas minhas intenções eram boas.
Quando o senhor se retirou, senti-me desacompanhado e implorei o seu retorno pois as sombras me vigiavam e já me incentivavam com opções de satisfação dos meus desejos mais íntimos.
Eu não resisti pois muitos me procuravam e me elogiavam doando-me riquezas e facilidades em troca da resolução dos seus problemas e me encantei com tudo , acreditando que poderia ampliar a missão salvadora e transformar tudo em paz.
Mas falhei .Quando percebi, já era tarde pois já estava envolvido com tantos que perdi completamente o sentido da Fé.
Então, me ameaçaram mostrando que meus erros me transformaram em médium das trevas. Implorei a sua volta em preces e quando vi um espírito igual ao Senhor na minha frente, acreditei que fosse o Senhor e deixei-me persuadir.Oh, Pai, Me perdoa!”
Cabapiranga, sabedor que as virtudes daquele Sacerdote da Umbanda eram maiores que seus erros, orientou :
“Sim, meu irmão. Olorum nos perdoa a todos pois eu também errei .Mas teremos que corrigir os erros que fizemos e não errarmos mais.
Vejo que agora recuperado,você também foi alvo das sombras .
Nunca devemos nos esquecer de praticar, orar e também vigiar, não só os outros, como, principalmente, nós mesmos pois as Sombras são enormes neste mundo e um pequeno deslize, um pequeno desequilíbrio, é suficiente para colocar todo o trabalho Divino da Luz a se perder.
Convém que saiba também que nunca lhe deixei sozinho pois durante meu recesso, anjos Guardiões lhe ajudavam, mas até a eles não conseguiu dar ouvidos!”
Choroso, o médium ouvia com sentimento de humildade, mas ainda em dúvida, questionava :
“Ah, Pai Cabapiranga, se o Senhor deixasse pelo menos o seu balaio..puxa...lá tem tudo...eu poderia servir-me dele e com certeza evitaria tudo”
Cabapiranga objetou:
“Mas, filho, o balaio esteve sempre com você, eu nunca retirei”
“Mas, aonde Pai, que procurei e procurei e não encontrei”
“Procurou em lugares errados. Olhe agora, está vendo ele?”
“Não, Pai. Calculo que os seres das sombras o roubaram, não ?”
“Oh, menino. Não há como roubar e não há como emprestar. E também não há como se vender e nem inverter e nem destruir”
“Como Pai, não entendo?”
“Entenderá, filho, pois o balaio está em você, como está em mim, e em todos.Alguns o guardam, outros o sujam, outros até o invertem e tentam vende-lo, mas é impossível, pois o balaio está em cada um de nós, seres humanos”
“Mas, Pai, quantas vezes eu o vi carregando um balaio cheio de magias positivas, de coisas boas da Luz ?”
“Não, filho . O que viu, era uma amostra na sua freqüência material para que sua incredulidade de antes, no desenvolvimento da sua mediunidade, desse provas para saber que o Poder Divino É e Existe para todos aqueles que conquistam a Fé,o Equilíbrio, o Amor, o Conhecimento,a Geração,Ama a Lei Divina, e assim, ama as Vidas.À medida que reconheceu e acatou com amor a Vontade Divina, o seu balaio foi se enchendo cada vez mais, ficando muito leve, até imbuir totalmente no seu ser espiritual.
O Meu Balaio, alimentado de coisas boas e úteis à Criação Divina está em mim por Graça de Olorum.
O seu também está em você . Deve recomeçar e, dessa vez, sem errar pois não pode confundir mais : O ser Humano, assim como Toda a criação Divina, serve-se do Poder de Deus que nos é doado eternamente e por nós deve também ser doado.
O Poder Divino não pode ser aprisionado em forma nenhuma pois até elas, assim como nós e todos e tudo, somos energias e precisamos de Liberdade.
A Liberdade Verdadeira que nos proporciona Viver em Deus, na alegria, doando mais alegria, compreensão, amor , paz, caridade para nossos semelhantes.
Mas, se inserimos no nosso balaio o egoísmo, a ambição, a inveja, a raiva, a falta de perdão, a falta de amor, a ira, a perseguição, a mentira, a ausência de sabedoria e da Fé em Olorum,o encheremos com os reflexos destes conteúdos que são negatividades . Mas nesse exemplo, nosso balaio não fica mais leve e nem diminui quando tem mais conteúdo.
Ele se agiganta e ficamos presos nele, afundando para as faixas negativas e trevosas aonde a Lei Maior, um dia, haverá de ouvir nossas suplicas de perdão e enviará um emissário que doará mais do seu balaio para higienizá-lo e limpa-lo de tantas maldades geradas pela ignorância de querer ser o dono do balaio de Deus.
Agora sabe que o balaio do conhecimento é feito com Fé e Amor e assim é que se magnetiza e atrai Tudo que é necessário de Olorum e dos Sagrados Orixás, no respeito às Leis da Vida.
Somos medianeiros, beneficiados e beneficentes destes conhecimentos.
Quando assim, somos o balaio de Olorum e dos Sagrados Orixás pois o carregamos em nós mesmos.
Temos que valorizá-lo com determinação à missão confiada.
“Quanto ao mais, creia, haverá sempre um Grande Balaio, cujo acesso se dá pela Fé e doam-se na sua Coroa Divina para lembrar-nos que a Tudo, a Olorum Diz respeito”
“Oke, Caboclo Cabapiranga. Com sua ajuda, meu Pai, começarei imediatamente a aliviar o peso do meu balaio em mim, através da compreensão e amparo nas vicissitudes dos meus irmãos em vida”
Saravá a Todos os Orixás.
Saravá Oxosse – Oke, Caboclo !Saravá Caboclo Cabapiranga

*mensagem recebida em 25/jan/2012 por Douglas O Elias


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