PROSA COM UM CABOCLO APRENDIZ
Mensagem do Vovô Florentino de Agodô recebida
por Douglas Elias
(http://douglas-elias.blogspot.com)
Adornado de cintilantes estrelas, o céu de
Aruanda irradiava paz.
Naquela noite, o caboclo aprendiz tendo se destacado e
recebido as licenças de seu líderes e chefe de falange, veio ter com Ogun que o
recebeu nas pedreiras de Xangô para esclarecer-lhe.
Prêmio para quem se esforçou no caminho do Bem
e da Luz, Saudou Ogun com respeito e reverencia, como se tem que fazer .
Recebeu a licença do Divino General da Luz
que, num momento de aparente calma, fitava o Universo Divino. Seus olhos
refletiam todas as luzes num encanto extraordinário.Mesmo assim, o caboclo
esforçado tecia em sua mente a dúvida :
-”Afinal, Pai Ogun amado, porque devemos
deixar tantos sofrerem se apenas um pensamento Nosso, Uma determinação do Bem,
uma vibração de Sua Excelsa Espada e Teus Outros Divinos Instrumentos ,
poderíamos salvá-los e resolver muita coisa”?
Ogun, naquele semblante de Anjo Guerreiro
continuou com seu olhar Divino no firmamento e mentalmente expressou:
“Porque achas que deva ser assim, caboclo aprendiz?”
“Ainda não sei senhor mas sofro muito com
isso”
“Quer saber mesmo?”
“Sim, Meu Pai...creio que assim, se puder
saber, libertarei algo em mim que me faz sofrer”.
“Está bem, aprendiz. Seu mérito lhe concede a
resposta.Xenuflexe-se e feche seus olhos. Pense na sua pergunta”
De repente, me vi saindo de Aruanda, daquela
maravilhosa montanha rochosa e indo em passagens para o mundo da matéria .
Flutuava sentindo as diferenças das camadas
entre os mundos pois era difícil manter-me equilibrado quando por entre as
nuvens, vi imensa cidade com ar pesado, totalmente poluído de coisas negativas
.
Nos movimentos dos seus cidadãos, logo
encontrei alguém que tinha grande empatia. Ajustei alguns procedimentos que o
libertaram de sofrimentos por erros próprios e de obsessores vários que era
alvo .
Este médium de Umbanda tornou-se trabalhador
dedicado e por ele, eu praticava os mistérios libertando e ajudando os irmãos
ainda errantes.
As pessoas que atendíamos, traziam tantas
coisas ruins, tantos sofrimentos, seus pensamentos invariavelmente eram
péssimos e suas ações negavam seus dons Divinos
Curava a todos. Libertava a muitos. Atendia os
pedidos forçando muito dos seus merecimentos que eram escassos, mas acreditando
nas promessas que faziam ali, no ato, para Olorum e para os Orixás da mudança
de comportamento e ao respeito das Leis Divinas.
Ninguém nem nada ficavam sem atendimento nos
socorros que pediam e logo, meu medianeiro tornou-se famoso constituindo grande
culto e atendendo milhares de pessoas que, mesmo assim, com esforço descomunal,
assumíamos seus erros livrando-os dos vampiros,obsessores e outras coisas
trevosas e negativas e até estes , de lá das trevas, os atendíamos nas suas
súplicas de perdão, libertando-os dos sofrimentos e dando novas oportunidades.
O Tempo de Mãe Oyá despertou meu médium que
desencarnando, voltou para a pátria do espírito e eu, nesse recesso, fiquei
junto aos meus , porém, em lugar próximo à Aruanda nas Esferas de acesso a ela.
Logo veio outra missão que aceitei.
Transladados novamente os caminhos até o mundo
material, assustei-me muito ao vislumbrar ainda das nuvens a cidade que era a
mesma mas havia se agigantado apresentando-se muito mais tenebrosa.
Avante, rumei com toda a força ao trabalho e
até conseguir um medianeiro que estivesse com as mínimas condições necessárias
de operação para a Vida, a Luz e a Lei, demandou alguns anos, mas o encontrei.
O assumi executando as mesmas funções, porém,
com mais dedicação e ênfase .
Queria libertar todos daquela horrível cidade
e assim fazia, e da mesma maneira de antes .
Mais uma vez, Oyá a Orixá do Tempo, o fez
passar para meu medianeiro que também desencarnou e novamente , no recesso e
nas falanges de Ogun, fiquei refletindo, mesmo porque , agora, estava numa
faixa vibracional bem próxima a terra e meus companheiros eram muito mais Exus
trabalhando na linha da Lei.
Estava regredindo nas escalas de ascensão do
Espírito.
Algo estava errado.
Precisava entender.
Assim,
em oração, pedi para Ogun Superior me orientar , concluindo :
“Entendo agora , Divino General Ogun e me
entristeço por ter ultrapassado o limite da Lei e dos caminhos do aprendizado
de cada ser humano, de cada irmão em Olorum”.
Eu me desequilibrei nos excessos da compaixão
que se transformou em pena e dó, sentimentos nocivos aos homens espelhos de
Olorum.
Queria,
em nome da Lei e do Amor livrar nossos irmãos de tanto sofrimento mas não
entendia que eles não estavam preparados para a Luz.
Compreendo agora que devo livrá-los das
perseguições, mas respeitá-los nos avisos divinos que pelo sofrimento,
realmente lhes abre passagens para os mundos da Luz, exigindo-lhes o esforço
para erradicar seus vícios negativos tão enraizados nos seus sentidos.
Como pude assim cometer erro tão primário?
“Penitencio-me agora, Pai Ogun por achar que
poderia assumir o lugar de Olorum a meu bel prazer na vida de quem tem que ao
menos se esforçar para se melhorar e assim, não atrair os perigos das
sombras.Lamento e peço misericórdia e oportunidade para corrigir”.
Ouvi :
“Então, tem sua resposta, caboclo aprendiz.
Saiba respeitar os limites.
Muitos
que ajudou, não reconheceram o acréscimo da misericórdia Divina e transferiram
seus problemas para você.
E estes estão mais confusos ainda e com
sentimentos ruins em relação às Coisas Divinas.
Mas
creia que você sempre foi amparado pelos seus irmãos de falange .
Em
todos os atos que efetivou, houve, pela misericórdia de Olorum, melhoras nas
vidas e suas interseções não foram totalmente em vão pois em nome do Amor,
plantou sementes que hoje , pelos antigos medianeiros que reencarnam novamente,
levam com eles, o que contigo aprenderam e irão efetivar da maneira certa.
As cidades cresceram mais ainda na sua
rebeldia e negatividades pois quem pensava que ajudou e libertou, no momento em
que se viram livres da dor e das obsessões, voltaram a praticar mais maldades e
atrocidades.
Deve agora que refletiu e aprendeu, ensiná-los
mas, preste muita atenção, Guerreiro da Luz, pois a graça da misericórdia dos
avisos de Olorum que faz sofrer, vem na medida da conquista do merecimento na
evolução da prática da vida de cada um.
Pela
dor, devem expurgar seus vícios e a Luz operada sempre, porém, nossa ajuda , no
plano da matéria, é diferente dos planos mais inferiores , bem como naqueles
imediatamente superiores.
A ajuda pelo esclarecimento, novos
conhecimentos das Verdades, pela proteção daqueles que querem se desencantar do
mal e esforçam-se para isso utilizando seus dons da Fé e a abertura dos novos
caminhos para o bem.
Nestes caminhos abertos pela Lei Maior e pela
Justiça Divina, são nossos irmãos que devem querer acessar e não cabe a nós
assumir suas vontades.
A Luz mostra o caminho. Segue-A quem quer.
A caridade,no amor e no equilíbrio da emoção e
da razão, é veículo que pela prática, mostra o caminho da Luz e do Amor.
Volte, caboclo aprendiz e recomece.
Da maneira correta agora”!
Obrigado Pai!Ogunhê, meu Pai !
Patacori, Ogun!
Um comentário:
Que benção lição, a responsabilidade aumenta, pois o respeito ao karma, o bom senso em 'praticar' a caridade.
Sublimes lições.
Axé
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