O BALAIO DO CABOCLO
De Vovô Florentino de Agodô - Douglas Elias
Cabapiranga já foi negro mandingueiro, branco médico e índio
guerreiro, mas também foi pajé e assim prefere se plasmar nas belas e infinitas
matas de Aruanda.
Empresta das coisas, os seus efeitos com o propósito de
beneficiar a todos os irmãos e a natureza Universal, retribuindo o amor que lá
sempre é doado e que vem de Olorum.
Coleciona o que a natureza divina produz num pouco de quase
tudo que com a magia Divina delegada pelos Orixás, além do seu conhecimento,
multiplica , potencializa e amplifica .
Seu balaio não tem fim , todavia, a cada coleta de novos
elementos, fica menor e bem mais leve.
Ele relembra o inicio deste seu aprendizado quando estudou pequenas
sementes e via que nelas havia vida que aos poucos,transformavam-se em raízes
que ia crescendo sobre a terra fértil em tenros brotos , edificando soberbas
espécies de árvores, flores e frutos, formando a comunidade que era o seu lugar
e também era lugar para todos.
Assim, dos tantos aprendizados que teve, nas várias
encarnações e também nos recessos do espírito, consigo estão muito bem guardados
os conhecimentos dos reinos da terra, do ar, do fogo, do mar, das pedras e dos
cristais que reverberavam nas matas e nos vegetais e o tempo traz quem deles
necessitam e também os distribuí nas suas Divinas funções.
Caboclo de Oxosse que de Olorum traz Conhecimento, sabe
também doar sendo muito requisitados pelos Guias, Outros Caboclos, tanto da
Terra, como do Mar. E juntos com os do Ar e Todos os Outros, amparam , na doce
comunhão das almas e dos guias de Luz, nos sentidos, da geração e do amor, das
vidas e no equilíbrio e dos de transformar.
Age consoante as Leis Divinas, no formoso trabalho de sempre
ajudar.
E pela Lei, foi avisado de outras coisas que o sentido
humano desequilibrou e mudou no mundo da matéria, mas, extremamente elevado,
não podia mais reencarnar, problema sabiamente previsto e resolvido com o
crescente despertar do instinto espiritual humano para a mediunidade e assim,
na Umbanda pode se manifestar.
Alegrou-se muito pois sabia que o tal menino – seu médium -,
já havia combinado antes de renascer na vida e durante o recesso da juventude,
Cabapiranga foi seu protetor do lado de cá.
E o menino,já adulto, fez por merecer pois os instintos lhe
mostraram os erros que corrigidos, equilibrou-se e na religião dos Orixás,
resolveu ingressar.
Iniciou assim, com seu médium, o conhecimento que precisava,
inspirando-lhe na comunhão da Caridade, do Amor e da paz que recebendo seu
aceite, Cabapiranga Feliz começou a trabalhar, aprender e a ensinar.
No aprendizado, surpreendeu-se ao ver a ignorância do ser
humano para com a comunhão das coisas universais e certificou-se que esta era a
maior causa dos sofrimentos.
Refletiu e resolveu ensinar mais ainda seu irmão médium para
que , assimilando novos conhecimentos, pudesse orientar e ajudar no equilíbrio
das pessoas, das coisas e da vida , acreditando que assim, mais adiante,
poderia estudar as transformações que faziam na natureza, tão perigosas ao
equilíbrio da humanidade.
Cabapiranga ensinou-lhe as energias das ervas que também curam
e aquelas que tiram negatividades .
Inspirou-lhe na percepção dos pontos centrais das razões dos
problemas que apresentavam quem os procuravam e assim, religava-os novamente
com seus guias de Luz que mais lhes ensinavam e eliminavam as causas das dores
e dos sofrimentos.
Projetou o amor, o perdão, a união, a proteção,a
prosperidade, a fé e a paz.
Atreveu-se e foi orientar espíritos trevosos, libertando
muitos que lá sofriam e perseguiam a quem a eles se sintonizavam, relembrando
os seus velhos tempos e o conhecimento de grande guerreiro para aqueles ainda
inviáveis para a Luz e que insistiam na pratica do mal.
Elucidou duvidas, doou conselhos e aprendizados e pela Fé,
traduziu o Amor Maior de Olorum,amparado por Oxalá,ajudando a muitos.
Tudo através do seu médium que incorporava mais ensinamentos
e até mesmo servia-se do conteúdo do seu balaio que Cabapiranga ensinava e
doava com fervor.
Formando um bom contingente de adeptos que também se
irmanara ao seu querido irmão-médium e que também desdobravam alegrias e
felicidades, acreditou poder enfim,efetivar suas pesquisas.
Incitou seu medianeiro a estudar a tal ecologia e adaptou-o
ao aprendizado nas ciências humanas tanto da química, das energias, das
industrias de produção conseguindo-lhe emprego digno em respeitada instituição.
No social, potencializou suas comunicações e as idéias com
soluções benéficas que fizeram o seu médium ser muito requisitado nos meios
profanos.
Assim, teve acesso detalhado ao que os homens construíam no
mundo e teve a certeza , após algum tempo, que aquelas ciências apesar de
eficientes, não conseguiriam criar mais felicidades às pessoas pois não
respeitavam o poder da natureza, nem mesmo a Vontade Divina e, nem ao menos,
respeitavam-se entre si.
Concluiu que os homens manipulavam elementos e energias com
objetivos de poder e não de doação e , assim, desequilibravam as Energias
Divinas, limitando-as à matéria e causando todo o tipo de confusão.
Mentiam e fingiam objetivos nobres e até utilizavam do
conhecimento Divino para se locupletarem do poder temporal.
Escravizavam-se entre si criando dependências materiais e
psíquicas na ficção da vida material, envenenando os mais ingênuos com
elementos deletérios, numa maquiagem covarde e trevosa.
Estarrecido,Cabapiranga não compreendia o porquê do ser
humano criar tanta mortandade abortando o principio Divino da transformação e
da sempre continuidade da vida.
Entristeceu-se e retirou-se por um breve momento para um
sítio em Aruanda para se recuperar e refletir, deixando seu médium num breve
recesso, mas em segurança pois já possuía as defesas necessárias.
Retornou fortalecido, dirigindo grande falange de vários
caboclos nas irradiações de Todos os Orixás planificando ações para os seres
humanos recuperar.
Porém, chegando na sua Seara, aborreceu-se ao ver seu médium
cercado com espíritos trevosos onde havia um que plasmava para a freqüência
humana a aparência dele, mentindo e persuadindo, ligado por fios tenebrosos ao
seu querido irmão-médium que se entregava mais e mais àquele estranho conluio.
Parou para observar e notou seus guardiões presos por
estranha magia negra, que abriu portais das trevas que negativavam
profundamente aquele ambiente sagrado, transformando aquela gira num espetáculo
circense, onde a caridade de Servir a Luz estava invertida pelo comércio da Fé
e a venda de feitiços e magias negativas, atraindo cada vez mais humanos
negativados.
Dessa maneira, elementos como o marafo era negativado em
bebedeiras e mistificações e até o fumo no charuto curador, era embotado com
ervas delirante e deletério, fazendo com que os medianeiros se transformassem
em acessos eficientes para os terroristas das sombras .
Fundamentos sagrados eram desrespeitados e mecanismos
positivos magisticos eram invertidos, com efeitos danosos e trevosos,
escandalizando o Sagrado Congá firmado nas mais Altas irradiações dos Divinos
Tronos dos Orixás.
Adeptos e trabalhadores apresentavam-se com roupas sensuais
provocando sentidos marginas a Lei e até a Sagrada Curimba era utilizada com
musicas obscena e com mensagens contrárias à Luz Divina.
Espíritos pagãos eram oferendados antes e depois para fazer
as misérias nas vidas das pessoas e todos estavam se escravizando e até Guerreiros
Exus ignoravam pois não podiam interagir devido aos sentidos e os quereres
humanos estarem tão baixos .
Aguardavam a Lei .
E a Lei chegou junto a Cabapiranga quando seu Guardião na
Linha de Ogum ordenou:
“Sua missão era pesquisar e não interagir mudando pois há
espíritos humanos que conquistaram ser dirigidos pelos Guias da Luz e há
aqueles ainda cegos e congelados à Verdade”
Cabapiranga entristeceu-se mas, esclarecido e recebendo nova
missão, se equilibrou.
Então, o Caboclo da Luz irradiou-se com sua Comitiva Celeste
e milhares foram banidos para seus lugares nas trevas, presos gloriosamente por
Guerreiros Exus, Pombagiras e Exus Mirins, higienizando e fechando os portais
das trevas e restabelecendo os da Luz
Logo aquela pequena Seara se recuperava e o mentor chefe
encarnado – seu médium- tolhido de surpresa e podendo ver Cabapiranga ,
envergonhado e medrado, tentou justificar :
“Meu Pai Amado, me perdoe. Eu o traí, mas minhas intenções
eram boas.
Quando o senhor se retirou, senti-me desacompanhado e
implorei o seu retorno pois as sombras me vigiavam e já me incentivavam com
opções de satisfação dos meus desejos mais íntimos.
Eu não resisti pois muitos me procuravam e me elogiavam doando-me
riquezas e facilidades em troca da resolução dos seus problemas e me encantei
com tudo , acreditando que poderia ampliar a missão salvadora e transformar
tudo em paz.
Mas falhei .Quando percebi, já era tarde pois já estava
envolvido com tantos que perdi completamente o sentido da Fé.
Então, me ameaçaram mostrando que meus erros me
transformaram em médium das trevas. Implorei a sua volta em preces e quando vi
um espírito igual ao Senhor na minha frente, acreditei que fosse o Senhor e
deixei-me persuadir.Oh, Pai, Me perdoa!”
Cabapiranga, sabedor que as virtudes daquele Sacerdote da
Umbanda eram maiores que seus erros, orientou :
“Sim, meu irmão. Olorum nos perdoa a todos pois eu também
errei .Mas teremos que corrigir os erros que fizemos e não errarmos mais.
Vejo que agora recuperado,você também foi alvo das sombras .
Nunca devemos nos esquecer de praticar, orar e também
vigiar, não só os outros, como, principalmente, nós mesmos pois as Sombras são
enormes neste mundo e um pequeno deslize, um pequeno desequilíbrio, é
suficiente para colocar todo o trabalho Divino da Luz a se perder.
Convém que saiba também que nunca lhe deixei sozinho pois
durante meu recesso, anjos Guardiões lhe ajudavam, mas até a eles não conseguiu
dar ouvidos!”
Choroso, o médium ouvia com sentimento de humildade, mas
ainda em dúvida, questionava :
“Ah, Pai Cabapiranga, se o Senhor deixasse pelo menos o seu
balaio..puxa...lá tem tudo...eu poderia servir-me dele e com certeza evitaria
tudo”
Cabapiranga objetou:
“Mas, filho, o balaio esteve sempre com você, eu nunca
retirei”
“Mas, aonde Pai, que procurei e procurei e não encontrei”
“Procurou em lugares errados. Olhe agora, está vendo ele?”
“Não, Pai. Calculo que os seres das sombras o roubaram, não
?”
“Oh, menino. Não há como roubar e não há como emprestar. E
também não há como se vender e nem inverter e nem destruir”
“Como Pai, não entendo?”
“Entenderá, filho, pois o balaio está em você, como está em
mim, e em todos.Alguns o guardam, outros o sujam, outros até o invertem e
tentam vende-lo, mas é impossível, pois o balaio está em cada um de nós, seres
humanos”
“Mas, Pai, quantas vezes eu o vi carregando um balaio cheio
de magias positivas, de coisas boas da Luz ?”
“Não, filho . O que viu, era uma amostra na sua freqüência
material para que sua incredulidade de antes, no desenvolvimento da sua
mediunidade, desse provas para saber que o Poder Divino É e Existe para todos
aqueles que conquistam a Fé,o Equilíbrio, o Amor, o Conhecimento,a Geração,Ama
a Lei Divina, e assim, ama as Vidas.À medida que reconheceu e acatou com amor a
Vontade Divina, o seu balaio foi se enchendo cada vez mais, ficando muito leve,
até imbuir totalmente no seu ser espiritual.
O Meu Balaio, alimentado de coisas boas e úteis à Criação
Divina está em mim por Graça de Olorum.
O seu também está em você . Deve recomeçar e, dessa vez, sem
errar pois não pode confundir mais : O ser Humano, assim como Toda a criação
Divina, serve-se do Poder de Deus que nos é doado eternamente e por nós deve
também ser doado.
O Poder Divino não pode ser aprisionado em forma nenhuma
pois até elas, assim como nós e todos e tudo, somos energias e precisamos de
Liberdade.
A Liberdade Verdadeira que nos proporciona Viver em Deus, na
alegria, doando mais alegria, compreensão, amor , paz, caridade para nossos
semelhantes.
Mas, se inserimos no nosso balaio o egoísmo, a ambição, a
inveja, a raiva, a falta de perdão, a falta de amor, a ira, a perseguição, a
mentira, a ausência de sabedoria e da Fé em Olorum,o encheremos com os reflexos
destes conteúdos que são negatividades . Mas nesse exemplo, nosso balaio não
fica mais leve e nem diminui quando tem mais conteúdo.
Ele se agiganta e ficamos presos nele, afundando para as
faixas negativas e trevosas aonde a Lei Maior, um dia, haverá de ouvir nossas
suplicas de perdão e enviará um emissário que doará mais do seu balaio para
higienizá-lo e limpa-lo de tantas maldades geradas pela ignorância de querer
ser o dono do balaio de Deus.
Agora sabe que o balaio do conhecimento é feito com Fé e
Amor e assim é que se magnetiza e atrai Tudo que é necessário de Olorum e dos
Sagrados Orixás, no respeito às Leis da Vida.
Somos medianeiros, beneficiados e beneficentes destes
conhecimentos.
Quando assim, somos o balaio de Olorum e dos Sagrados Orixás
pois o carregamos em nós mesmos.
Temos que valorizá-lo com determinação à missão confiada.
“Quanto ao mais, creia, haverá sempre um Grande Balaio, cujo
acesso se dá pela Fé e doam-se na sua Coroa Divina para lembrar-nos que a Tudo,
a Olorum Diz respeito”
“Oke, Caboclo Cabapiranga. Com sua ajuda, meu Pai, começarei
imediatamente a aliviar o peso do meu balaio em mim, através da compreensão e
amparo nas vicissitudes dos meus irmãos em vida”
Saravá a Todos os Orixás.
Saravá Oxosse – Oke, Caboclo !Saravá Caboclo Cabapiranga
*mensagem recebida em 25/jan/2012 por Douglas O Elias